segunda-feira, 31 de maio de 2010

Maldito Entusiasmo


E então naquela esquina te encontrei, e como é difícil dizer, mas não foi como esperei. Nem um gole da sua cerveja eu tomei, nem um trago do seu cigarro eu fumei. Nem ao menos o abraço verdadeiro eu te dei. Entre as poucas vergonhosas e sentidas lágrimas que, por fraqueza momentânea, deixei escorrer havia esperança, confiança e no fundo, talvez, quem sabe, um arrependimento de ter mergulhado sem saber ao menos nadar. Mas nessa o mar foi traiçoeiro, não soube me segurar, te segurar, nos grudar. Ou foi só uma maré. E o barco que embarquei não suportou, mas uma vez. Fervoroso, tépido, rápido e ao mesmo tempo tão sereno. Overdose de sorrisos, tragadas prensadas de alegrias e fungadas de libertinagem. Mas que tão rápido começou. Que tão rápido se acabou. E que por milhares de vezes ainda repetirei, eu odeio o entusiasmo. Mesmo que só exagerado pra dar impacto no texto, eu senti. Mesmo que tão apavorada que fiquei, eu deixei. Mesmo que tão doloroso, eu recuei. Mais band-aid a caixa acabou e meu coração que se alargou ainda falta curativo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Felicidade

Ontem eu vi a felicidade passando,
se equilibrando no meio fio,
rodopiando pelas placas,
cantarolando
pisando em poças d'agua
olhando e sorrindo
me procurando entre bares e parques
no meio da rua ou nos altos andares
Mas se eu me perdi,
como pode alguém me achar?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Me sinta

E mais uma vez surgi essa vontade de mergulhar de cabeça, me entregar de corpo e alma, me deixar levar. Eu não sei o que é calma. Só me lembro da calmaria que teus olhos me trouxeram. Tenho receio, tenho medo, tenho anseio e mais medo ainda. Eu senti meu coração se desprender a procura do seu quando encostei minha cabeça no vidro vendo aquela paisagem passando entre meus olhos. Na simetria perfeita do beijo, no momento exato do desejo, no ter desejado bem antes, no querer competir sem a ambição de ganhar. Me olhe nos olhos, me beija a boca, me sinta, feche os olhos, lembre os momentos, cada cara e careta e pela procura da caneta. Feche os olhos e me sinta, mão a mão, mão a corpo, roçando, escorregando, subindo, descendo. E se tua mão ainda estiver gelada, eu aqueço. Eu embarco nessa contigo. Eu deixo o medo, mas me sinta. E se fosse apenas a minha vontade, passariam vários ônibus, amanhecia e escurecia, ao teu lado eu me senti bem, sendo assim não preciso de mais ninguém. Então me sinta, me ligue na madrugada, me acorde de manhã, me encontre naquela esquina, divida o copo, me passe a fumaça e me sinta.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Que mude o tom


Nessa voz desafinada, desatinada e afiada, nessas lembranças mal apagadas e nas lagrimas ácidas. Nos cobertores que são mais quentes, no meu quarto que é mais seguro e na companhia que é mais cômoda. Frustrante é saber que sempre me perdi e te perdi, sem nem motivos, duvidas ou certezas. Encaixo de maneira desalinhada as palavras e frases de impacto que você nem ao menos sabe que digo, penso e ainda afirmo. Mas não é sempre. O gostar de você se tornou menos frequente, é que hoje eu já consigo me distrair e isso não é tão mal assim. Essas lagrimas me enoja e envergonha, eu não quero mais sentir nem por você nem por ninguém, mas meu problema é ter esperanças, não em você e sim na felicidade, é acreditar demais, é me entregar completamente, é deixar levarem a minha mente. Mudança de tom, palavras que se encaixam perfeitamente sem nunca ter sentido. Você cresceu e se perdeu, é triste, enfim, o fim.