quarta-feira, 30 de julho de 2008

Neblina de impurezas


Ela sentia-se sozinha diante de uma imensa multidão, para ela tudo não passava de sombras projetadas e destinadas à mesmice. Seus dedos e dentes amarelos e suas narinas sempre com vestígios de substâncias proibidas mostravam que sua vida não passava de breves momentos de loucuras. Sua unha mal feita, seu cabelo pré-penteado e seus olhos todo borrados de tão carregado, mostravam sua ‘divertida’ volta para casa, tudo variava em náuseas de uma noite fortemente alcoólica e proibida, mal dormida pelo incomodo que seu nariz a trazia. Suas tardes eram fumadas compulsivamente que ela nem tinha mais do que lembrar. Tudo se desfazia rapidamente como fumaças incômodas que já não a incomodava. Seus dias eram nus e mudos, fazia o ato, porém não sentia o prazer. Sua vida era alucinada e embaçada e isso estava cansando, tudo tinha passado dos limites, tinha ultrapassado os limites da tolerância. Quando aquela pobre garota se deu em si percebeu que não era tão sozinha, além daquela neblina de fumaça tóxica existia o amor, existia a realidade não tão cruel, existia aquela tão procurada e ao mesmo tempo esquecida felicidade e ela nem havia percebido.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Poço de esquecimento


Ela já não tinha mais esperanças, seus dias cada vez mais cinzas iam se apagando como lápis no papel. Ela estava caindo num poço fundo, escuro e sem vida. Os dias passando e suas forças se acabando, ela pensava que aquele transtorno não passaria nunca e que seu destino era sofrer e sofrer, sem dó nem piedade. Naquele estagio ela só pensava em se drogar, e esquecia do mundo a sua volta, esquecia que precisava viver de verdade, viver cada instante, ela tinha esquecido até de amar. E isso estava, ou pelo menos aparentava satisfazer ela. Puro engano. Ela estava afundada num poço de lavas, no qual não tinha forças pra sair, e os dias passavam e aquela lava ia deformando tudo o que existia e restara dela. Mas a vida, meu amigo, sempre lhe dá oportunidade, é só saber reconhecer, e ela, mesmo naquele estado lamentável conseguiu se reerguer, aquela mão foi sua salvação. Os dias mudaramdesvairadamente, aquele foi o seu momento pra se erguer completamente e ela conseguiu. Ela tinha realmente esquecido o que era se sentir viva completamente. Ela tinha esquecido o que era gostar de alguém que merecesse. Ela tinha esquecido que a vida é o motivo de estarmos aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sempre mais


Ela sentia que a vida estava preste a melhorar, que o mundo em sua volta estava finalmente ao seu favor, até aquela nuvem tinha sumido, o céu estava tão limpo e azul, mas o azul não era sua cor preferida, ela precisava sempre de algo mais, algo que lhe mostrasse que ainda esta viva. Nas festas ela sempre procurava algo que lhe fizesse sentir adrenalina, que lhe deixasse sempre bem aquele sorriso no rosto dela era apenas uma mascara que ela segurava para não cair em qualquer momento. Todos a desejavam, e ela nem percebia, ela estava tão centrada naquela cena que lhe fazia sofrer que o resto não importava, mas ela era forte e tão forte que não deixava se abalar, ou pelo menos, isso ela queria e conseguia demonstrar. Ela se drogava quase que compulsivamente aquele dia, talvez isso fosse uma forma de esconder aquela pequena dor, que estava ali ao lado dela. Dava conselhos aquelas pessoas que nem se importariam com ela no mesmo estado, mas sabendo que aquele conselho seria mesmo uma auto-ajuda. Menina de vários amores, menina de amores puros e confusos, menina serena, ela era perfeição com pitadas de pecado, e isso que lhe tornava assim, sempre a querer mais!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Quem arrancou as páginas?


Ela estava cada vez mais fraca, suas expressões não mostravam o que ela realmente sentia, era como se sua vida fosse um livro aberto, mas com paginas arrancadas. Tentou varias vezes se reerguer e conseguiu só que neste momento, pra ela o chão era o lugar mais seguro a permanecer, era o ultimo estágio. O tempo passa muito rápido e isso pra ela esta se tornando mais um medo, só mais um pra sua enorme coleção. O que ela sempre pensava era anestesiar aquela dor, aquela pequena dor, e então ela fugia, sem sentido sem destino, ela fazia isso só para sentir que estava viva, e dificilmente conseguia, as bebidas eram cada vez mais fortes e ela nem sentia mais. Ela apenas estava querendo esquecer tudo aquilo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Talvez


Talvez eu esteja aqui por estar, talvez eu nem tenha mais o que fazer. O mundo em minha volta se torna cada vez mais complexo e abstrato, e cada vez mais sem cor. Nada me interessa profundamente, nada me envolve com tanto fervor, nada me assusta e nada me espanta. Eu apenas estou por estar, eu apenas encontrei alguém pra confiar, e assim esquecer tudo que me trazia monotonia, tudo o que me trazia tédio e dor de cabeça. E essa neura estava me matando aos poucos, ela estava formando enormes labirintos no meu caminho, e suas paredes eram cada vez mais estreitas, eu não saia dela sozinha, eu dormia no meio do caminho, eu cansava no inicio da noite, eu me enganava logo na manha seguinte. Era dia após dia bebendo o vinho do engano e comendo o pão da impotência constante. Eu era como uma criança que ainda acredita no futuro, que ainda tem esperança, eu acreditava que o individualismo poderia ser uma forma de vencer, eu achava que o "eu posso" era algo claro em se dizer. Leve engano, dura queda. E só quando estamos no chão, naquele ultimo estagio do qual eu falo freqüentemente, é que percebemos que caímos. E isso ajuda a queda a ser mais dolorida. E talvez isso não é mais uma realidade pra mim, talvez eu tenha percebido que pra eu poder, eu tenho que querer, querer e se deixar ser ajudada, querer e acreditar na vitoria. Apenas depois de uma queda brusca é que o orgulho se quebra, ou não, e nos vemos como realmente estamos no espelho já estilhaçado.

sábado, 12 de julho de 2008

Escapatória


Ela fumava cigarros compulsivamente, e isso era uma forma de fugir dos problemas que a atormentava. Ela achava que a fumaça substituiria a dor, espalhasse e embaralhasse até sumir aqueles pensamentos indiscretos. Ela só queria alguém ao lado dela naquele momento, mas alguém de verdade, e não aqueles amigos imaginários que sempre surgiam pra lhe confortar, mas nem isso estava resolvendo mais, já tinha passado tudo dos limites. As lagrimas não escorriam do rosto dela, nem pra isso ela tinha mais forças. Boba, é o que diriam pra ela se contasse tudo o que esta pensando. As bebidas que ela ingeria não faziam tanto efeito, não mais que aqueles doidos e alucinógenos contradizeres que estava em sua mente. As drogas que ela costumava a usar estavam amenizando a dor que ela sentia da impotência de sempre perder, de sempre sofrer. E ela estava cansando de tudo isso, mas sabia que seria banal banalizar aqueles sentidos. A melhor escapatória que ela teve foi fingir que nada aconteceu, e que a preocupação é algo que ainda não lhe atingiu.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sombras e lágrimas


É estranho olhar em minha volta e ver que tudo realmente mudou; aquelas brincadeiras que antes eram essenciais agora não passam de algo inútil para rir, para passar o tempo. E talvez aqueles sorrisos falsos fossem uma base de vida mentirosa, e isso sem ao menos eu saber, estava me fazendo mal, eu estava enjoada com tudo isso. E parecia que aquele nojo compulsivo demoraria a passar. Nesse estagio nada parece ter fim. Os dias foram passando, a pele enrugando, os olhos cansados e a aparência tristonha já era mais avançada, e parecia que nada mudaria isso, nada não é tão pouco, nada é até mais do que eu já cheguei a sentir por você, nada se define como me sinto ao lembrar o passado, do nosso misero passado, de sombras e lagrimas. Hoje eu percebo que o ontem nunca fez realmente sentido pro hoje, o passado não é começo do futuro, e que eu tenho o poder de manipular o que talvez possa ser o meu futuro valioso, o meu presente consistente. Sinceramente, eu nem sinto raiva de ti, sinceramente eu apenas achei uma forma de ser feliz de verdade, e você não faz dela nem como uma pessoa que compartilhou a minha existência, nem ao menos colaborou para a pessoa que me defino agora. E com ele eu me sinto bem, com ele é estranho saber que ouve um passado ruim, com ele é difícil perceber que a solidão já foi minha melhor amiga. Com ele eu descobrir o que é a felicidade verdadeira, na real eu descobri o que é verdade e felicidade!